By: Deepak Xavier (Coordenador Global) & Jenny Ricks (Secretária Geral)

Prezados membros e aliados em todo o mundo,

Com a segunda metade de 2025 já bem avançada, gostaríamos de escrever, na qualidade de Coordenador Global e Secretária-Geral, para compartilhar alguns destaques da FIA e convidá-los a participar de ações importantes nesta segunda metade decisiva do ano. Estamos a 99 dias da Cúpula do G20, em Joanesburgo. Vamos compartilhar porque consideramos esta data importante para nós como movimento global e o que podemos alcançar neste momento e posteriormente a ele.
 


 

Uma reflexão sobre o momento em que vivemos

A conjuntura atual é caracterizada por uma profunda ruptura econômica, social, ecológica e política. A economia global, tal como se encontra no momento, não é apenas instável, mas também é exploradora, excludente e vacilante. Ela concentra riqueza e poder nas mãos de poucos, enquanto impõe dívidas, austeridade e crise a muitos.

No próximo ano, os Estados Unidos assumirão a presidência do G20, após a África do Sul. Sabemos, com certeza, que sua agenda trará retrocessos significativos — antipovo, antidemocracia, antiplaneta e em defesa do domínio financeiro e geopolítico. Essa transição marca um ponto de inflexão crítico.

Estamos em um momento de verdadeira reorganização geopolítica. Um interregno no qual o velho mundo ainda está de pé e o novo ainda está por emergir. A ordem econômica que se originou com Bretton Woods e a exploração colonial não tem mais legitimidade. Instituições multilaterais estão sendo questionadas, alianças Sul-Sul estão se formando e novos blocos estão surgindo. Mesmo com todos esses sinais promissores, nenhum resultado é garantido. O risco é que o poder passe de uma mão para outra, mas sem justiça. Ou seja, que uma elite seja substituída por outra, mantendo as mesmas relações de poder e dominação.  

Temos uma janela de oportunidade estreita, mas decisiva, para incorporar uma agenda centrada nas pessoas e regida pela justiça no DNA da nova ordem econômica internacional que está ganhando forma. Essa janela requer a organização de um movimento de solidariedade global e a consolidação do poder popular global. Vemos nossa contribuição para o crescente esforço internacional não como um evento único, mas como um trampolim em um processo de longo prazo de coordenação, visibilidade e intervenção estratégica. 
 


 

Nossos passos até agora em 2025

Em primeiro lugar, precisamos sempre reservar um tempo para comemorar nossas conquistas. É isso que servirá de impulso para alcançarmos patamares ainda mais elevados. Entre a enorme quantidade de trabalho realizado pela FIA, algumas conquistas se destacam:

  1. Nosso protesto global em janeiro, durante o Fórum Econômico Mundial em Davos, onde demos um basta aos bilionários em 50 cidades do Sul Global
  2. As ações #RiseFor antes da conferência “Financiamento para o Desenvolvimento” em Sevilha, com assembleias populares e ações em 80 locais em todo o mundo

Continuamos o fortalecimento na esfera nacional, com alianças que destacam a relação das poderosas campanhas que tratam das desigualdades enfrentadas pelas pessoas no seu dia-a-dia com as mudanças estruturais maiores no sistema econômico global que se fazem necessárias. Alguns avanços que chamaram nossa atenção foram:

  1. A campanha #FixOurPublicHealthCareZW (SalvemNossaSaúdePúblicaZW), da FIA Zimbábue, ganhou impulso online e presencial, tanto do público quanto dos políticos, e recebeu atenção de um ministro do alto escalão do governo e do presidente, que resultou no início das obras de reforma do maior hospital de referência do país.
  2. Programas nacionais de educação política foram testados no México, Zâmbia e Índia para ajudar a construir as camadas de liderança juvenil necessárias para a mobilização em massa em todo o nosso movimento.
  3. A FIA México participou de uma campanha bem-sucedida para ampliar os direitos trabalhistas, reduzindo a jornada semanal de 48 para 40 horas.

No nível mundial, conforme acordado no Encontro Global do ano passado em Manila, temos o prazer de compartilhar que um Conselho Global agora está à frente do trabalho internacional da Aliança. É claro que isso está sendo replicado nas alianças regionais e nacionais, de acordo com nosso plano para os próximos 10 anos. Tenho a honra de ser o primeiro Coordenador do Conselho Global, trabalhando com a Jenny como Secretária Geral.
 


E daqui para a frente - 99 dias para o We The 99

E, claro, ainda temos objetivos ambiciosos que precisamos alcançar juntos neste ano como movimento, no nível nacional e mundial.

O movimento por uma nova economia global está surgindo

Trabalhando juntos, queremos alcançar mais vitórias, incluindo:

  1. Até o final de 2025, gostaríamos de ver um consenso em torno da necessidade de uma grande reunião geracional do movimento por uma nova economia global até 2027-8
  2. Em resposta à crescente pressão pública e do movimento durante o G20, esperamos que vários governos progressistas formem coalizões dispostas a buscar políticas ousadas de taxação dos super-ricos e cancelamento de dívidas. 
  3. No nível nacional, faremos campanhas que divulguem importantes vitórias na luta contra a desigualdade, mostrando como um movimento coordenado nacional e globalmente pode gerar uma mudança sistêmica real. No Zâmbia, isso significará reverter a suspensão do imposto sobre as exportações de mineração, para que os zambianos possam se beneficiar da riqueza mineral do país - uma forma de imposto sobre a riqueza. No Quênia, isso significará reivindicar um orçamento para o povo, para garantir que os serviços públicos sejam financiados e que os impostos incidam sobre os ricos, e não sobre os pobres. O México está preparando uma nova campanha com o slogan “que los ricos paguen lo que nos deben” — “Que os ricos paguem o que nos devem” — durante uma consulta sobre a reforma fiscal do governo em setembro.
     
  4. A FIA está crescendo na América Latina e no Caribe, com o Peru realizando sua primeira Assembleia Popular em setembro. E aliados do Equador, Colômbia, Honduras e El Salvador estão preparando campanhas regionais conjuntas e ações nacionais para conectar as lutas locais com as demandas globais.
  5. A FIA Índia iniciará em breve uma campanha de 100 dias contra a desigualdade e a discriminação em todo o país. A FIA Indonésia protestará este mês contra os aumentos de impostos que afetam os pobres e as classes trabalhadoras e realizará uma Assembleia Popular para reivindicar a democracia.

 

Nós, os 99

É por isso que convidamos você a se juntar a esta nova e emocionante fase da construção do movimento.

Convidamos você, sua comunidade, organização ou movimento a fazer parte desta contagem regressiva para nos unirmos, construirmos, organizarmos e demonstrarmos nosso poder de promover mudanças transformadoras.
 


 

O que faremos juntos? 

Presencialmente, em nossos países ao redor do mundo, bem como virtual e fisicamente juntos em Joanesburgo em novembro, temos um relevante programa de ação ganhando forma, à medida que levamos esse movimento para um novo patamar.

  1. Organize ou participe das Assembleias Populares (setembro - outubro) —  Juntos, criaremos encontros onde pessoas comuns, especialmente aquelas mais afetadas pela desigualdade, se reunirão para falar, ouvir e refletir. Não se trata de uma conferência. Não se trata de um painel. Será um espaço para vozes reais, histórias reais e soluções reais. Um espaço para decidir sobre nossa visão coletiva e construir o poder dos 99%.
  2. Participe da Assembleia Global da FIA (17-18 de novembro) — Será um encontro emblemático para continuar a expandir o movimento global de combate à desigualdade, reunindo vozes influentes, organizações e líderes comunitários de todo o mundo, que estão na linha de frente da luta contra a desigualdade.
  3. Participe da “We The 99” - uma Cúpula Popular para Alternativas Econômicas Globais (20-22 de novembro) — Será uma cúpula popular e não um evento paralelo. O evento é um contraponto direto ao poder, um contraste acentuado em relação às deliberações a portas fechadas do G20, dominadas pelos interesses da elite. Este encontro concentra as vozes e as experiências vividas por aqueles que vivem na linha de frente da dívida, da austeridade, da exploração dos recursos naturais, dos legados coloniais e da exclusão sistêmica. De setembro a novembro serão realizadas ações impactantes como parte desse esforço.

Seja o primeiro a ficar sabendo sobre essas várias iniciativas e como você pode participar delas, seja em seu país, virtualmente ou pessoalmente.



 

Estamos ansiosos para continuar nosso ambicioso plano de ação – mobilização em massa para combater a desigualdade enquanto construímos esse movimento juntos.

Com profunda gratidão por tudo o que você está fazendo para combater a desigualdade.
 

Deepak Xavier - Coordenador Global
Jenny Ricks - Secretária Geral